Segunda-feira será publicado o 100.º fragmento salgado de A Vida na Traineira. Com ele chegam também algumas palavras, através das quais vou procurar colorir um pouco mais esta tela, já de si tão colorida. É minha intenção partilhar neste espaço alguns dos momentos vividos neste nobre ofício, a bordo da traineira Luís Adrião, que todos os dias se faz à faina nos mares de Sesimbra. A arte da pesca do cerco, tal como o nome indica, consiste em cercar o cardume com uma rede, munida de chumbo na parte inferior e de flutuadores na parte superior. Apertado o cerco, resta uma bolsa onde o peixe fica retido, sendo depois retirado para bordo. O que chamamos lance é o resultado da pesca. Sardinha, carapau e cavala fazem parte das espécies mais capturadas, para além de outras surpresas, que, de vez em quando, o Mar nos faz questão de brindar. Com orgulho, esta é a minha humilde homenagem ao ancestral ofício da traineira e a todos os homens que a ele se dedicam, em especial, os meus camaradas de companha, a tripulação da Luís Adrião. Mais que a vida na traineira, esta é a vida que me escolheu.
(Text & Photo - Luís Pinto Carvalho - All Rights Reserved)