terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ouço o Mar

Vamos na segunda semana de paragem forçada. Algumas peças já chegaram, outras ainda não. Os dias esguios de Novembro escapam entre os dedos. Esperamos. Vou à janela e ouço o Mar. Esperamos. Vou ao café e ouço o Mar. Esperamos. Vou dar um passeio e ouço o Mar. Esperamos. É ele, o Mar, em assalto permanente, sempre a fustigar os sentidos, a memória e a vida. Saudade. Há aqui algo que não se consegue explicar. Sente-se. O apelo e o aliciamento são constantes. Há saudade de sair do porto rumo ao imprevisto, da maresia misturada com aromas da terra e da serra, das vozes entre camaradas, das alegrias e das tristezas partilhadas numa ilha de madeira, dos sorrisos e das gargalhadas, da azáfama na hora da chegada ao cais. E do peixe, sempre o peixe, do som dos rabos a bater, das escamas a saltar, daquele perfume de frescura, da satisfação e do agradecimento por mais uma dádiva da Natureza. Esperamos.

Saudade

(Text & Photo - Luís Pinto Carvalho - All Rights Reserved)

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