Final
de tarde quente. Há descontracção no ar, enquanto rumamos ao local de pesca. O
convés ressequido espia os nossos rostos morenos e suados. Há quem nunca se
canse de contemplar terra, sempre como se fosse a primeira vez. Acende-se mais
um cigarro. Conta-se mais uma história do fim-de-semana que passou. Há sorrisos
e caras fechadas. Há silêncios e pensamentos. Volta-se mais uma folha do jornal
amarelecido pelo sol. Deitam-se fora os morangos com chantilly que, entretanto,
azedaram. Há botas em prontidão junto aos beliches. Pés descalços de meias até
ao joelho cruzam-se a meio de um dormitar. E outra vez o Mourinho na televisão.
Há manteiga no pão para uma sandes de chourição. Indiferente, a nossa sombra
persegue-nos, incansável, até a chegada da noite dar o golpe de misericórdia.
Sombra
(Text & Photo - Luís Pinto Carvalho - All Rights Reserved)
Que melodia textual tão involvente
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