Manhã. O sol já vai alto. Perco o olhar sobre a costa. Há uma tranquilidade arrebatadora, enquanto a traineira navega no regresso a Sesimbra. A vista consegue alcançar banhistas no areal. O parque de campismo do Meco reluz no encontro com a energia do novo dia. A bordo, apenas se ouve o motor a debitar milhas. Uma atrás da outra. O Mestre descansa, após uma noite de olhos postos na sonda e no sonar, em busca de tons vermelhos, fortes e vastos, traduzidos em peixe. Repousa com o sentido do dever cumprido. O Contra-Mestre toma o leme. Lá em baixo, a tripulação - a companha, como chamamos por estas paragens -, descalça as botas de trabalho. Uns aconchegam o estômago, outros adormecem assim que o corpo cai no beliche. Há imagens do Nosso Senhor Jesus da Chagas – Padroeiro dos Pescadores de Sesimbra – nesta e naquela cabeceira. Noutras, cachecóis do Benfica, em permanente luta para sobressair do azul que domina a Luís Adrião. No convés, apenas capas ao vento, deixando para trás as escamas da última faina.
Capas ao vento
(Text & Photo - Luís Pinto Carvalho - All Rights Reserved)
Descanso merecido depois da labuta o descanso, a paisagem é deslumbrante, e de novo o aconchego do porto. Gosto do blog, é importante que se divulguem outras formas de estar e de viver.
ResponderEliminarO que pescaram?
A faina rendeu cavala, vendida a 20 cêntimos o quilo para exportação. Segue directamente do Porto de Sesimbra para o Mediterrâneo, onde serve de alimento para atuns de viveiro.
ResponderEliminarVim cá parar via Delito e daqui creio que já não saio. Tem aqui o espaço extraordinário! Acho interessantíssima a forma como me dá a conhecer essa realidade tão longínqua da minha. Espero que continue a publicar.
ResponderEliminarAgradeço encarecidamente o seu comentário. É esse mesmo o meu objectivo: dar a conhecer a realidade de A Vida na Traineira. Acredite que espero continuar a publicar, sempre que o Mar assim o permita. Cumprimentos.
ResponderEliminarTambém fiquei rendida a este Blog desde a primeira vez que o visitei, principalmente pela beleza singela das imagens.
ResponderEliminarA vida da pesca e dos pescadores está sempre presente na essência de todos os que vivem no concelho, no entanto é um pouco distante para aqueles que como eu são do campo, é bom perceber, aprender e abarcar nesta realidade.